sábado, 17 de setembro de 2011

Acho que já dá pra dizer mais algumas coisas. Já dá pra me chamar de "amor". Combinado. Provisoriamente, vamos apelidar isso de "amor", até que ele cresça, aprenda a falar e, quem sabe, cale nossas bocas. Até porque é vão ter medo de espantar o que já é tão iminente. Não adianta gritar amarrada nos trilhos, com o trem há dois metros, apitando que a mesma fome que tem de te comer na mesa da cozinha, tem de passear de mãos dadas contigo até o mar.

Às vezes, dois se encontram no meio de tanta gente chata, feia e sem graça, como duas canoinhas que se cruzam no meio do oceano Atlântico. E tudo isso é tão grande, tão precipitado, tão absurdo, que quase não é real, quase não é amor, quase fica sem nome. "Amor" é só o alarme nos acordando de um sonho ruim, numa noite chuvosa, numa cama fria, deitado de costas pra alguém sem nome, sem indicação ao Nobel da Paz.

Gabito Nunes