sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010





[...]
- Bom... - Ele parou, e depois o resto das palavras saíram num jato. - Eu concluí que, já que vou pra o inferno, posso muito bem fazer o serviço completo.
Esperei que ele dissesse alguma coisa que fizesse sentido. Os segundos se passaram.
- Sabe que não faço ideia do que você quer dizer - ressaltei por fim.
- Eu sei. - Ele sorriu de novo e mudou de assunto. - Acho que seus amigos estão com raiva de mim por ter roubado você.
- Eles vão sobreviver. - Eu podia sentir os olhares fuzilando minhas costas.
- Mas é possível que eu não a devolva. - disse ele com um brilho perverso nos olhos.
Engoli seco.
Ele riu.
- Parece preocupada.
- Não - eu disse mas, ridiculamente, minha voz falhou. - Surpresa, na verdade... Qual é o motivo disso tudo?
- Eu lhe disse... Fiquei cansado de tentar ficar longe de você. Então estou desistindo. - Ele ainda sorria, mas os olhos ocre eram sérios.
- Desistindo? - repeti, confusa.
-Sim... Desistindo de tentar ser bom. Agora só vou fazer o que eu quiser e deixar os dados rolarem. - O sorriso dele diminuiu à medida que ele explicava e um tom sério esgueirou-se por sua voz.
[...]


Crepúsculo, cap. 5, págs.: 71,72